quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Lätsinne.

Eu sou patética. Sou, sou, sou sim. Não tente dizer que não. As pessoas vivem me dizendo que não, sabia? Mas eu sei que sou. Eu sei que eu sou patética porque todo mundo é patético. Você é. Eu sou. Ele é. Nós somos. Todo mundo é. Todo mundo. Todo mundo é. É.

Gira. Gira. Gira. 

E as pessoas costumam negar, sabe. Elas fazem um esforço fodido para provar que não, eu não sou patético, eu sou o diferente. Você não é diferente. Você não é porra nenhuma de diferente. Você é um merda, você é um insignificante babaca que acha que vai fazer a diferente: você não vai. Você não vai porque você tem o seu cérebro ligado a coisas mais frívolas do que você imagina. Essa porra de mundo fodido em que você vive não vai mudar. Nem você. E você não vai mudá-lo. Você é insignificante.

Gira. Gira. Gira.

Você sabe como se sentir insignificante? Experimente respirar um pouco o ar de uma noite bem estrelada. Olhe bem praquele céu, aquele céu colossal. Você vê o brilho de uma das estrelas e então pensa: você não tem nenhum controle sobre aquela estrela. Ela pode ter morrido há centenas de anos e você ainda vê o brilho dela. Ela pode estar morrendo naquele instante, mas o brilho dela vai continuar mesmo quando você já tiver morrido, e muito tempo depois. E isso vale para todas as outras estrelas. Você nunca vai ver aquele mesmo céu de novo. Na vida. Aquele minuto em que você parou para admirar já foi. Você morreu mais um minuto. E o mundo não parou de girar, as estrelas vão continuar brilhando, a próxima manhã virá. E se você estivesse morto, isso tudo continuaria acontecendo.

Gira. Gira. Gira.

Você sabe o mundo fodido em que você vive. Você sabe o quão fodido você é. Mas só de reconhecer isso, você já passa a ser um pouco mais são entre os loucos. Você passa a ser da minoria. Os que entendem esse mundo, os que sabem com o que estão lidando. Estes são os piores entre os loucos, amigo. Não há nada pior do que ser de uma minoria sã no meio de um mundo de loucos.

Gira. Gira. Gira.

Para.

Morrem. Morro. Morre. Morto. Tudo morto. E a vida continua. Sem eles. Sem eu. Sem você.

Um comentário:

  1. Esse texto é como um curta. Eu consigo imaginá-lo perfeitamente na tela, no estilo daquele teu curta onde tu estás numa escadaria na rua soltando bolhas de sabão, só que mais obscuro, e com algo giratório no meio. Ou esse algo seria a tua cabeça?

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