quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Spara dina handleder till slutet.

De certa forma, vocês estão ligadas. Por pensamento - "estava pensando em ti agora mesmo!" - por segredos que só vocês sabem, por frases que uma completa da outra, por gostos semelhantes, por simples afinidade e pelo fato de se amarem tanto, tanto. E isso tudo é muito bonito, sabe? Estar conectado a outro ser humano de uma forma tão simples. E todos veem, e todos acham bonito, e todos queriam ter algo como o que vocês têm.

Stop. Rewind. Stop.

Não. Você para e chora, e olha para as suas mãos cheias de sangue e aperta os lábios para que o seu pranto não acorde ninguém; até porque o único momento em que você não está falando com ela é de noite, de madrugada, quando todo mundo está adormecido e você está lá, patética e frágil, encolhida e chorando. Chorando. Você sabe que é ruim, e se assusta a cada vez que alguém diz que acha belo, como se tomasse um choque (de realidade, é claro), mas depois pensa que é normal: vocês maquiam tudo muito bem, a parte pública é sempre brilhante. Plástico. Mas você sabe, ah, você sabe a parte obscura, criatura miserável, e você sabe o quão mal você se sente por ela. O quão mal se sente quando vomita suas verdades naquela consciência frágil e o quanto tenta provar a ela, e a si mesma, que você é forte, durona. Aço. Mas você não consegue deixá-la. Você não consegue não fazê-la mal e fazer-se mal. Não consegue olhar pra trás e lembrar-se como era antes dela. Então você continua. Influenciando e deixando-se influenciar e fazendo-se mal, e mais mal, a cada dia. É terrível, é feio, é foda. Mas você não sabe outro jeito, sabe? Que bom.

Go on. Go ahead.

Você abre os olhos de novo, solta os lábios e respira fundo. Isso, calma. Sente correr nas veias agora, não sente? Você sabe que vai se sentir melhor. Mas é momentâneo. Logo, você vai tentar sair de novo. Logo, você vai tentar se libertar dessa dor de novo. Logo, você vai tentar achar sua válvula de escape, sua saída de emergência, a pequena escada de incêndio que talvez - talvez - libertaria a sua mente perversa, louca pra machucar e ser machucada. E você tem aquela velha ideia de que talvez dê certo, há uma possibilidade de dar certo, sempre há. Mas você não pode se esquecer: forçar seus pulsos contra essas correntes que te prendem a ela e a todo esse quarto de pânico que é a sua consciência vai sempre machucar. Sempre vai haver sangue. Sempre vai haver dor. Você sempre vai ter que pressionar os lábios, fechar os olhos e tentar, devagarinho. Vai ter que aguentar, porque você precisa sair.

Ou talvez sua esperança não seja mais a mesma de antes. Talvez você não tenha mais força para forçar. Não tenha mais pulsos para pulsar. Talvez sua pele tenha empalidecido demais. Talvez suas olheiras estejam aparentes demais. E as pessoas comentam, sabe. As pessoas vão notar a maquiagem se dissolvendo e o belo se transformando em feio, como sempre foi. E nesse ponto, meu amor, você não tem mais chances. Não vai mais conseguir ater-se às coisas pequenas.

As lâminas vão ter que aumentar.

3 comentários:

  1. Eu amo, amo, amo, amo, amo, amo esse texto.
    Ao mesmo o odeio. E muito. Porque faz sentido, porque é exatamente assim.
    E sempre aumenta.

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  2. O texto é perfeito, amei-o e odiei-o como a pessoa do comentário acima.
    E, o mais diferente desse texto para os outros sobre esse mesmo tema é que o teu não diz pra pessoa parar, ou que isso é ruim. Você só entende o ponto da pessoa, e pensa como será. Só. Não tenta influenciá-la, nem nada disso.

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  3. Céus, concordo plenamente com as pessoas acima. É isso aí. Plastic, miserable creature.

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Seja doce!